Nota Editorial
A Universidade e o
desencanto com a ‘tecnização’ do mundo
1.
Os filósofos da suspeita, da desconfiança e da desconstrução
do Humanismo, do Iluminismo e da Modernidade – com Nietzsche
à cabeça, sem esquecer os nomes de Marx e Freud –
apresentam-se como demolidores de mitos; zombam dos ideais de transcendência
e da forma de religiosidade neles configurada e mandam amar o real
tal como ele é. Assim convidam-nos a olhar para um mundo
novo, no qual o virtual, isto é, as noções
de sentido e ideal cedem o lugar à “lógica da
vontade de poder”. Deste jeito impõe-se o reinado da
“força pela força”, em detrimento de todas
as referências e balizas de índole superior. Sem o
dizer expressamente, os arautos da pós-modernidade propõem
uma nova religião, assente noutra teologia.
Mas... aonde é que isso nos tem levado? Onde estamos e para
onde vamos? Face às mudanças provocadas será
de entregar – questiona Luc Ferry – “o mundo contemporâneo
ao puro cinismo, às leis cegas do mercado e da competição
globalizada?”1
A desolação alastra, sabendo-se que pode ser má
conselheira e entregar-nos à cegueira, à ilusão
e alienação. Apesar das trágicas consequências
dos fracassos acumulados pelas várias tentativas de acabar
com o humanismo, bem visíveis na presente conjuntura e passagem
de época, apesar do esvaziamento deprimente e da consecutiva
falta de sentido histórico e de um certo desencanto com o
curso do mundo, não é sensato defender o regresso
ao passado. Até porque não é possível
nem desejável, porquanto os anseios e problemas, as situações
e circunstâncias, as missões e visões, as tarefas
e obrigações, os actores e direitos são hoje
outros e não mais os dos séculos passados. Quererá
isto dizer que – insiste Luc Ferry – devemos resignar-nos
“a abdicar da Razão, da Liberdade, do Progresso, da
Humanidade?” Ou, porventura, ainda há nestes conceitos,
que até há pouco tempo irradiavam ousadia e comprometimento,
luz e esperança, alguma coisa que possa escapar à
voracidade da desconstrução e sobreviver a ela? Ou,
ao fim e ao cabo, teremos fatalmente que nos render ao novo servilismo
emergente e triunfante, “à dura realidade do universo
da globalização no qual mergulhamos”, ao mundo
tal como ele é, à morte dos ideais superiores e ao
“desaparecimento das utopias”?
2. Luc Ferry vale-se de Heidegger para denunciar o “mundo
da técnica”,2 hoje sobremaneira evidente na versão
da globalização prevalecente e com “efeitos
devastadores sobre o pensamento, a política e sobre a vida
dos homens”. E intima-nos a reagir contra esta realidade,
a não sermos pura e simplesmente cúmplices com ela
e, ao mesmo tempo e num assomo de hipocrisia, chorarmos lágrimas
de crocodilo. Até porque o mundo não é nem
nunca foi imutável; e, nas necessidades de ruptura, há
quem se filie naquilo que será passado e quem se posicione
do lado do futuro.
Heidegger vê no surgimento do “mundo da técnica”
o “declínio da questão do sentido”, “o
desapossamento de qualquer influência sobre a história”,
a queda no absurdo e a privação de “qualquer
finalidade visível”. Deste modo, refere Luc Ferry,
“o projeto de dominação da natureza e da história,
que acompanha o nascimento do mundo moderno e que dá sentido
à ideia de democracia, vai se transformar em seu contrário
perfeito.3 A democracia nos prometia nossa participação
na construção coletiva de um universo mais justo e
livre; ora, já perdemos quase todo o controle sobre o desenvolvimento
do mundo”.4
Se transpusermos a reflexão para o campo da ciência
moderna, vemos que Descartes, seu proeminente impulsionador inicial,
encarava o conhecimento científico como um instrumento capaz
de habilitar o homem a ser “senhor e proprietário da
natureza”, ao serviço do projecto de controle e domínio
total do mundo pela nossa espécie. Mas… preste-se a
devida atenção! O domínio científico
do mundo assumia uma dupla intenção: a do entendimento
ou compreensão intelectual do mundo, da explicação
racional do que nele acontece, das suas causas e mistérios;
e a da dominação, intervenção, transformação
e recriação práticas, decorrentes da vontade
humana, segundo os seus desígnios, finalidades, anseios e
ideais de melhoria e transcendência.
Precisando melhor, na configuração da “ciência
moderna”, o projecto do domínio científico do
universo vincula-se ao propósito de emancipação
e autonomia; “ele permanece submisso à realização
de certas finalidades, de certos objetivos considerados vantajosos
para a humanidade”. Ou seja, o domínio teórico
e prático do universo, através do conhecimento científico
e da vontade, não é puramente técnico, “não
visa dominar por dominar, mas para compreender o mundo e poder,
ocasionalmente, servir-se dele com vistas a atingir certos objetivos
superiores que se reagrupam finalmente em torno de dois temas principais:
liberdade e felicidade”.5
Ao invés deste ideário e posicionamento, no “mundo
da técnica”, agora em vigor, Heidegger assinala o desaparecimento
da “preocupação com os fins e objectivos últimos
da história humana, em benefício único e exclusivo
da atenção aos meios”.
A análise comparativa e qualitativa das duas orientações
revela, portanto, diferenças abissais. Os humanistas e iluministas
partilham duas convicções: Por um lado, a ciência,
ao desvendar e esclarecer a natureza e ao iluminar os espíritos,
possibilita a nossa libertação, assim como emancipar
a humanidade dos grilhões, preconceitos e dogmas da superstição
e do obscurantismo; por outro lado, o conhecimento e o domínio
do mundo permitem soltar-nos das amarras e servidões, dos
instintos e impulsos (tanto no tocante à natureza extrínseca
como à intrínseca), assim como sublimá-los
e utilizá-los em nosso favor, além de fornecerem elementos
para a previsão de catástrofes e tiranias naturais
(doenças, epidemias, insuficiências e degenerações
genéticas e afins, ciclones, furacões, terramotos,
maremotos ou tsunamis, erupções vulcânicas,
mutações climáticas etc.).6
Nisto vê-se bem que o credo científico humanista e
iluminista não é redutível a uma simples razão
instrumental ou técnica; pelo contrário, está
virado para alvos e fins exteriores e superiores a ele, tais como:
felicidade e liberdade, categorias constituintes da ideia de progresso
(ou movimento da sociedade), balizado por critérios de ética,
estética, perfectibilidade, cultura e civilização.
Em gritante e chocante contraste com este entendimento, no actual
ambiente de concorrência generalizada – chamado “globalização”
– a ciência, seja no silêncio e anonimato dos
laboratórios, seja nos conhecidos e badalados centros de
investigação, vê-se despida dos grandes ideais
e fins, em proveito dos meios; e é convertida em mera técnica.
Simultaneamente altera-se total e radicalmente a noção
de progresso que anteriormente a animava: não se orienta
mais por referências e finalidades transcendentes, visa apenas
competir, medir-se, igualar-se e, tanto quanto possível,
superar a concorrência em números e bitolas, segundo
os normativos em moda; ela é o fim em si mesmo, segue um
imperativo de produção consumista absolutamente vital,
em obediência a ditames semelhantes aos da selecção
natural de Darwin. Não espanta, por isso, que a ciência
se funda com a técnica e tecnologia e evolua (?) para ‘tecnociência’
e que as três se enlacem estreitamente com o contexto económico
e vejam o seu desenvolvimento incensado e financiado por ele.
Manifestamente, o poder humano sobre o mundo continua a aumentar,
mas de um modo algo automático e cego, fugidio do controle
das vontades e das consciências individuais. “É
simplesmente o resultado inevitável da competição.
Nesse ponto, contrariamente às Luzes e à filosofia
do século XVIII que, como vimos, visavam à emancipação
e à felicidade dos homens, a técnica é realmente
um processo sem propósito, desprovido de qualquer espécie
de objetivo definido: na pior das hipóteses, ninguém
mais sabe para onde o mundo nos leva, pois ele é mecanicamente
produzido pela competição e não é de
modo algum dirigido pela consciência dos homens agrupados
coletivamente em torno de um projeto, no seio de uma sociedade que,
ainda no século passado, podia se chamar res publica, república:
etimologicamente, ‘negócio’ ou ‘causa comum’”.7
Desta forma parecem ficar suficientemente delineados os contornos
do “mundo da técnica”, traçados por Heidegger,
tal como se percebem as razões que o animavam e levavam a
denunciá-lo: não se trata mais de dominar a natureza
ou a sociedade em função da liberdade e felicidade,
mas apenas em função da necessidade de competir, uma
necessidade de proveniência exógena, isto é,
imposta de fora pela obrigação absoluta de “progredir
ou perecer”.
3. Neste quadro o intelectual, engajado em nome de causas e ideias,
dá lugar ao especialista em pareceres, investido do poder
de um suposto saber para dizer aos demais o que devem pensar, sentir,
fazer e esperar, em todas as esferas da vida. Ele não critica
a ordem existente; pelo contrário, comporta-se como agente
do silenciamento dos sujeitos e da crítica, sendo esta substituída
pela proliferação ideológica de receitas para
viver ‘bem’ e conforme ao regime neoliberal vigente.
E assim, ao arrepio de um dos princípios fundamentais da
democracia – o da competência política de todos
os cidadãos - todos os temas são agora considerados
uma coutada privativa de especialistas e, por isso, submetidos a
considerações e decisões de natureza técnica,
incompreensíveis à maioria das pessoas.8
Sim, a autonomia racional da maioria dos cidadãos é
uma miragem. E do mesmo jaez é a preocupação
com a sua educação cívica, assente na capacidade
para a comunicação argumentada, para (con)viver politicamente
com os outros na cidade democrática. Para prevenir o temor
perante a crescente e letal influência exercida pela ignorância.
Para pôr cobro à incapacidade para expressar exigências
ou para compreender as que são formuladas pelos outros, para
questionar ou refutar os argumentos alheios, para ultrapassar a
carência de compreensão dos direitos e deveres impostos
pela vida em sociedade, para contrariar a adesão patológica
a tribos, lobies e corporações de interesses escuros.
São os cidadãos ignorantes, todos com direito a voto,
quem sustenta os demagogos que prometem o paraíso a pataco
e arranjam bodes expiatórios para todas as frustrações.
Isto contradiz a ideia da democracia, já que no seu bojo
mora o projecto de que todos têm que adquirir o sentido da
equidade e responsabilidade, aprender a obedecer a leis e a praticar
os valores partilhados. Até porque a trave mestra da ordem
democrática consiste em que nela não haja especialistas
em mandar e especialistas em obedecer, mas sim em que todos os cidadãos
estejam aptos a desempenhar os dois papéis. Para tanto a
educação com selo democrático deve cuidar de
contribuir para a realização do direito fundamental
de qualquer homem, qual seja o de ser munido dos meios intelectuais
necessários ao exercício da deliberação,
ou seja, da liberdade. E isto assenta na formação
de caracteres humanos capazes de persuadir e de se abrir à
persuasão, de perceber e apreciar a força das razões
e recusar a razão da força, de participar em cometimentos
e celebrar acordos e transacções, de ser racional
e razoável a reconhecer o mesmo estatuto aos outros, enfim,
na formação do cidadão apto a manifestar aquilo
que intrinsecamente é: um ser de pensamento, de palavra e
comunicação.
Todavia, em vez de serem perspectivados como ‘príncipes
inter pares’, dotados tanto da condição de mando
como da de obediência, tanto da de objecto das leis como da
de sujeito delas, os cidadãos são paulatinamente conformados
ao jugo da vassalagem. A ordem vigente segue cada vez mais os ditames
das conveniências de uma minoria.
Até o conhecimento perde autodeterminação,
ao tornar-se um capital tão ou mais apetecido que o financeiro.
Como se sabe, na dita e emergente ‘sociedade do conhecimento’,
a ciência, a informação e a tecnologia servem
as estratégias da economia, da indústria e do respectivo
poder. Assim o saber não se define mais por disciplinas científicas,
mas por problemas e pela sua aplicação nos sectores
empresariais; mais, submete-se a controles de qualidade, com esta
a ser ditada pela relevância e eficácia económicas.
A autonomia da razão era a base da independência com
que a racionalidade científica da modernidade estabelecia
o objecto, os métodos, os resultados e a sua aplicação,
segundo critérios imanentes ao conhecimento. A nova situação,
decretada e aplaudida pelos ‘papagaios do pós-modernismo’,
subordina o saber a imperativos exteriores. Deste modo a ciência,
uma das mais belas e exaltantes criações do génio
humano, cai na dependência dos interesses económicos
e empresariais; são eles que determinam a utilidade e inutilidade,
a validade e caducidade dos saberes; são eles que concedem
orçamentos e financiamentos. Isto não atinge só
às ciências duras; aplica-se igualmente às ciências
sociais e humanas que são convidadas a formar quadros não
mais para serem empregues na área de recursos humanos, mas
para criarem e venderem serviços. Consequentemente estamos
a assistir à colocação das universidades e
dos centros de investigação na dependência da
matriz neoliberal; a sua tradicional autonomia deriva para heteronomia.
É assim que se perde a autonomia racional que era condição
tanto da qualidade do saber como da autoridade moral dos intelectuais
- e das suas instituições - envolvidos com as causas
da sociedade.
Concretizando, o mundo desencantado ou, se preferirmos, a “tecnização
do mundo” ou ainda a competição técnica
globalizada, em que hoje vivemos, surgem a partir da desconstrução
e demolição de marcos e alvos transcendentes e superiores;
deixaram de parte a racionalidade instrumental da técnica,
afundaram o reino dos fins e consagraram a lógica independentista
e absolutista dos meios. É esta a larga, espessa, amarga
e dura linha que demarca e afasta o mundo contemporâneo do
Iluminismo, do Humanismo e da Modernidade: as febris e instáveis
evoluções, decorrentes aqui e agora e a toda a hora,
não se ligam a nenhum projecto comum e não almejam
um mundo melhor, antes se demitem de equacionar e chamar a si intenções
dessa envergadura e empresas desse teor.
É certo que nada nos impede de manter o optimismo. Mas essa
atitude provém mais da necessidade e esperança, do
desejo e da boa-vontade do que de convicções fundadas
nos factos em que a realidade é sobeja. Basta olhar em redor
e reflectir um pouco para cair no pessimismo e para notar que o
receio e a angústia tendem a tornar-se “a paixão
democrática por excelência”. O sentimento da
descrença, incredulidade e perplexidade apoderou-se dos cidadãos.
“Pela primeira vez na história da vida, uma espécie
viva detém os meios de destruir todo o planeta; e essa espécie
não sabe para onde vai! Seus poderes de transformação
e, eventualmente, de destruição do mundo são,
a partir de agora, gigantescos, mas como um gigante que tivesse
o cérebro de um recém-nascido, eles estão totalmente
dissociados de uma reflexão sobre a sabedoria – enquanto
a própria filosofia se afasta apressada, tomada que está,
também ela, pela paixão técnica”.9
4. Vivemos hoje numa ansiedade constante. Foram-se, como vimos atrás,
os parâmetros e âncoras, os alicerces e pilares legados
pelo humanismo e modernidade. E no seu lugar ficou um vazio onde
se instala toda a sorte de inquietudes, de descrenças, cerrações
e descorçoamentos que invadem paulatinamente a vida. O mundo
natural é cada vez mais incerto e menos fiável; e
o social – das instituições credoras de apreço
e respeitabilidade, que aprendemos a ver como guardiãs do
apoio, segurança e tranquilidade, em caso de problemas –
desmorona-se a olhos vistos. Agora a aposta é nos que são
fortes, poderosos e ricos ou têm habilidade, esperteza e sorte
para atingir esse estatuto. Somos crianças perdidas, confusas
e errantes, inundadas e possuídas pelo sentimento de impotência
e carentes de orientação e protecção.10
A democracia prometeu muito: servir os cidadãos. Mas…afinal
a quem e para que serve? Em que regime vivemos? Que sentido e futuro
inspiram os nossos dias? A que grau de cidadania, civilidade, civilização
e cultura está ela a levar-nos? É isto que procuramos
e nos realiza e exalta?
Somos seres de fuga e deriva. Donde fugimos e para onde vamos? Que
sociedade estamos a desfazer e que humanidade estamos a construir?
Que república, democracia e vida pública são
estas? O que é feito da transparência, integridade
e honestidade e da pulsão altruísta?
Como diz Kundera, o ambiente é de neblina, embora não
de escuridão total que impede qualquer olhar ou movimento.
Somos livres, porém só temos a liberdade de uma pessoa
na neblina: vemos coisas e gente à nossa volta e reagimos
aos seus actos e efeitos, mas não enxergamos para além
de um raio diminuto. Viver na neblina obriga-nos a focalizar a atenção
na proximidade, nos problemas e perigos visíveis, imediatos
e prováveis. Vemos e vivemos no perto, no superficial e transitório,
não divisamos ao longe na obscuridade e profundidade.11 De
fora da nossa compreensão e visão ficam as ameaças
e artimanhas, os malabarismos e jogos mais perigosos, imprevistos
e, quiçá, imprevisíveis. Contudo, paradoxalmente,
não ficamos chocados com a revelação de factos
que nos abalariam seriamente se não vivêssemos na neblina.
Protestamos, é certo, mas é uma reacção
ténue e fugaz, condenada a sumir-se na nossa evocação
e lembrança, antes da missa de sétimo dia. Já
não partimos a louça nem agitamos a bandeira da revolta,
por mais que os políticos nos aldrabem e desonrem a função,
instalem e adensem o nevoeiro da hipocrisia e da dúvida e
desconfiança. Estamos treinados para a rotina da conformação
e aceitação, para fechar os olhos e tapar os ouvidos.
Não ignoramos ou subvalorizamos os casos escabrosos de vergonha
e escândalo que nos aviltam e apoucam, mas, julgando que assim
lhes escapamos e preservamos a saúde mental e moral, fingimos
que não nos surpreendem.12
A luz brilha nalgumas casas, mas em muitas – e são
cada vez mais! – a esperança apaga-se e cresce o desespero
da escuridão. A estreiteza e a farsa da vida na neblina transformam-nos
emTitanics, alertam eminentes pensadores da actualidade.13 Sabemos
que há um iceberg à nossa espera e que ele nos afundará
fatalmente. Contudo, despojados dos meios e da vontade de o localizar
e evitar, damo-nos à cegueira e avançamos para o choque,
bebendo e dançando ao som da orquestra da leviandade e irresponsabilidade,
indiferentes a advertências e sussurros de maus presságios.
As tábuas de navegar são postas de lado. Na neblina
vale tudo; cheira a perdição e podridão. Por
isso preocupante e monstruoso não é o iceberg, mas
a falta de um plano sensato e viável para evacuar e salvar
os passageiros do navio que segue para o abismo, sem botes e coletes
de salva-vidas. É este logro ilusório que apanha as
vítimas desprevenidas e incapazes de reagir. Aquilo que não
se afunda é quase nada; o que resta é um papel fino,
encharcado e enregelado. Oculto pela neblina o sol da humanidade,
o sonho esfuma-se e toma a deformação de um pesadelo.
Como se percebe bem, o ‘progresso’ dos nossos dias tem
uma matriz estranha: aproveita-se da falta de luz; nutre-se e cresce
do cinzentismo e da miopia, da manipulação e do condicionamento,
da trapaça e do embuste que nos envolvem. E conduz inevitavelmente
ao colapso. Porque a neblina cerceia-nos o espaço vital,
como se não houvesse amanhã.14
Afinal o apocalipse acontece aqui e agora, no coração
do mundo civilizado, aclamado pelo seu esplendor e pelo deleite
da ilimitada diversão e indiferença. Confirmando que
a casca da civilização tem a espessura de uma hóstia.
Que somos frágeis, náufragos, errantes e fracassados;
andamos à procura de um ombro para reclinar o rosto do desassossego.
E que lutamos pela sobrevivência como cães esfaimados
e selvagens, num contexto de regressão e descivilização,
convidativo à guerra de todos contra todos.
5. Regressemos à Universidade com apoquentação
redobrada, porque ela corre sério risco de ser desfigurada
e desmanchada por um exército de fervorosos cruzados contabilistas
que influenciam e tomam decisões e ocupam posições
de topo. Eles reduzem tudo ao cinzento: detestam o arco-íris
das diferenças, são monocromáticos na vista,
no coração e na alma. Julgam-se reis absolutos deste
tempo que celebra o seu triunfo; e inebriam-se com isso. Consideram-se
iluminados e ungidos por um ente superior e cuidam que têm
uma missão divina e evangélica a cumprir. Têm
que salvar esta pobre terra e trazer ao redil da eficácia
as pervertidas gentes. Frios e vazios de calor humano, ressequidos
de emoções e falhos de sensibilidade para os outros
e os seus anseios e afectações, para eles só
valem números e cortes, reduções, fundações
e fusões. Revêem-se no anjo exterminador da Bíblia
e assim, minados no seu íntimo pelo Complexo de Édipo,
armados de infalibilidade e alimentados pela inquebrantável
fé nas suas certezas, brandem a implacável espada
do fogo aniquilador. Arrasam e decepam tudo quanto se levante no
seu caminho. Antevêem, lá ao fundo, o pódio
e a coroa da glorificação à espera deles, após
destruírem o que encontraram e refundarem as organizações
em toda a linha. E sentem redobrar o astral do seu ímpeto
reformista ao ouvirem o coro de loas e incentivos provindos dos
que condicionam, determinam e, porventura, reconhecem ou pagam,
embora mal, o seu serviço. Uns sabem ao que andam e a quem
servem; é possível que outros não se dêem
conta de que não agem por iniciativa própria, mas
a mando e para lucro de alguém.
O fanatismo e a obcecação não os deixam ver
que o credo neoliberal não produz um mundo melhor. Com a
religião da gestão não passamos a viver num
mar de rosas; pelo contrário, ergue-se dia-a-dia bem alto
e visível o calvário da desumanidade. Também
não concebem que são vencedores e estão na
mó de cima em circunstâncias que não podem durar
muito tempo. Não percebem nem tampouco admitem que o sucesso,
que tanto os fascina e faz exultar por dentro e por fora, é
simultaneamente o começo da sua perdição. Não
farão história nem terão registo nela, porquanto
o mal, a destruição e a perversão não
cabem naquele conceito. Apenas serão lembrados pelas piores
razões.
Iludem-se cuidando que chegaram só pelo mérito pessoal
aos lugares que ocupam. Esquecem quem os auxiliou na ascensão
e, com o mesmo desdém, renegam o sentido dos votos que receberam.
O programa que subscreveram e defenderam era mero disfarce de uma
agenda oculta. Ora a isso chama-se deslealdade e traição
e estas não ficam gravadas na exaltante e grata lembrança
dos homens, antes são uma porta para a desconsideração
e comiseração. Na galeria dos heróis e triunfadores
não há lugar para tal gente. Ela fica ignorada na
vala comum.
É certo que são narcisos incensados e adulados pela
conjuntura; deslumbrados e convencidos, recusam-se a ver a imagem
desfigurada e infeliz que têm no espelho da vida. Mas não
vão longe; murcharão antes do prazo que imaginam estar-lhes
destinado. Porque os homens livres não têm a consciência
à venda, nem a boca afeita à mordaça. E sabem,
como o imperador romano Júlio César, que “os
cobardes morrem muitas vezes antes de morrerem de facto”.
As instituições que atravessam o tempo, fazem história
e nesta ganham assento e respeito não são obra da
pequenez e estrabismo dos vendilhões do templo; são,
sim, expressão da grandeza de sonhadores e empreendedores
que as idealizam e configuram para criar, acrescentar e prolongar
o legado cultural da Humanidade.
6. Perante os desvarios atrás expostos, não se defende
nem intenta fazer regressar o passado ou carpir saudades e lamentos
por ele; porém é necessário aprofundar e construir
outro presente. Para tanto é preciso recriar ideias e ideais
que balizem o desenvolvimento do mundo e o permitam ordenar e controlar,
uma vez que ele parece fugir até das mãos dos mais
poderosos - não porque estes tenham decoro ou dores na consciência,
mas porque um desconcerto tão exagerado não favorece
a manutenção duradoira das suas hipócritas
declarações. Ou seja, são múltiplos
os pretextos que insinuam a utilidade e a vantagem de ordenar ou,
no mínimo, restringir o mais possível a “dominação
técnica”, mercantilista e contabilística do
mundo.
Esta tarefa coloca a filosofia contemporânea perante um dilema:
aceitar a conformação a ser mais uma “disciplina
técnica” na configuração curricular com
que os fanáticos advogados e promotores do Processo de Bolonha
porfiam em apoucar e perverter a universidade, transformando paradigmas
em paradogmas e substituindo a razão pela teologia e a lucidez
pela aberração; ou entregar-se a reconstituir e renovar
o Humanismo, para preencher o hiato deixado pelo seu definhamento
e abatimento.
A resposta parece óbvia, precisamente para aqueles que laboram
no campo universitário e científico e se interrogam
acerca dos caminhos e tortuosidades que ele está adoptar.
Não é preciso ser filósofo por formação
e profissão para assumir a obrigação de reflectir.
A “reflexão crítica” é um imperativo
moral de todo o ser humano digno desse nome que não suspenda
o interesse pelo mundo e queira estar à altura das exigências
e circunstâncias da sua vida. Logo um académico não
pode deixar de ostentar essa qualidade indispensável, de
exibir em alto e apurado grau a capacidade de espírito crítico
em relação a si mesmo, ao seu perfil, papel e labor;
nem pode ficar neutro e indiferente ao modelo que hoje se quer impor
a todo o custo, qual seja o de colocar a universidade e a ciência
sob o primado exclusivo da tecnologia e das suas ambições
e ‘valores’ curtos, míopes, pequenos e comezinhos,
o de transformar todas as disciplinas científicas, incluindo
as ‘duras’, em ‘tecnociências’ mais
preocupadas com resultados e ganhos económicos, industriais
e comerciais do que com fins, questões e justificações
amplas e fundamentais.
Ademais um académico deve tender para se afastar da ignorância
e incultura e abeirar da erudição; e esta, como dizia
Hegel, “tem início com as ideias e termina com a imundície”
e com a pequenez e estreiteza das noções, visões
e perspectivas.15
Ou será que a um mestre ou doutor bastam uma especialização
em miudezas,16 uma erudição prolixa em coisas minúsculas,
mas vazia de alcance e compreensão do todo, uma confrangedora
ausência de inquietação em relação
ao fundo cru tecnicista e tecnológico em que mergulhamos?
Não tem necessidade de alargar os horizontes da sua especialidade
e de enxergar, para além deles, valores abrangentes, fundadores
e mais promissores?17 Não carece de uma teoria (theion +
orao) que o habilite a ver mais longe, o superior e divino?18
Se ele não se deixa atrair pelo apego à procura e
ao cultivo da sabedoria e espiritualidade, quem poderá e
deverá interessar-se em substituí-lo nesse empreendimento?19
Quem poderá confrontar-se com a nostalgia de um passado que
não existe e com a projecção, antecipação
e espera de um futuro indefinido? Quem se ocupará da responsabilidade
de refundar e propor uma transcendência da natureza e da história
pessoal e social, que nos ajude a idealizar e viver o presente e
a preparar a vinda do futuro? Quem combaterá o relativismo,
actualizará e formulará princípios e valores
e lançará os pilares de renovação e
fundamentação da ética, da liberdade e da perfectibilidade
em nós e fora de nós?
Terá alma a Universidade, se os académicos se isentarem
da obrigação de pôr em questão a presente
situação, se deixarem de pensar, isto é, de
questionar sem máscara, sem delonga e sem cedências
a empenhos estranhos à essência da sua instituição
e missão? Seremos nós mesmos, se deixarmos de preservar
o nosso Ser e de perseverar na denúncia da penúria
que nos ronda a porta?
Mais ainda, seremos capazes de nos pensarmos a nós mesmos,
de ajuizar e avaliar os nossos pensamentos, atitudes e actos, os
outros, a vida, a sociedade, o funcionamento do mundo e o nosso
relacionamento com a alteridade, sem o recurso à superação
e transcendência e aos ideais e horizontes que elas apontam?
Manifestamente não. De resto, os genealogistas da pós-modernidade
e do materialismo (demolidores e arrasadores do humanismo e das
suas grandezas, não é demais repetir) pregam o amor
ao mundo tal como ele é, numa espécie de actualização
da máxima antiga carpe diem – goza o dia de hoje, mas
intimam à revolução, à mudança
e melhoria, quando ele não satisfaz. Com isso estão
a afirmar que a transcendência é uma dimensão
incontestável e imanente à existência humana,
“inscrita no centro mesmo do real”.20
Logo o espaço universitário deve ser um espaço
privilegiado onde cada um se deve sentir obrigado à auto-reflexão,
a tornar imanente a si mesmo, às suas convicções,
acções e respectivas consequências uma teoria
da transcendência. Uma teoria com um alcance e pensamento
normativos alargados, que reflicta sobre o que deve ser, que combata
a arrogância, a sobranceria e o autoritarismo da ‘tecnociência’;
e que convide a questionar os meios e os fins, a sacralizar o outro,
a divinizar o humano, a dar-se ao esforço de perseguir a
perfectibilidade e a liberdade, a sair e distanciar-se de si, a
adicionar às características originais, particulares
e situacionais traços, noções e valores universais
e a incorporar, assim, a condição de individualidade
e singularidade na da universalidade, dada por uma perspectiva mais
ampla, por uma experiência e vivência com selo e identificação
de humanidade.
A este propósito, não esqueçamos “as
lições aprendidas entre os dois séculos que
separam (a tragédia de 1755 em) Lisboa – que desencadeou
as ambições modernas – de Auschwitz, que as
fez desmoronar”, assim resumidas por Susan Neiman:
“Lisboa revelou o quanto o mundo estava distante dos seres
humanos; Auschwitz revelou a distância dos seres humanos em
relação a si mesmos. Se desembaraçar o natural
do humano é parte do projecto moderno, a distância
entre Lisboa e Auschwitz mostrou como é difícil mantê-los
separados…
Se Lisboa assinalou o momento do reconhecimento de que a teodicéia
tradicional era inútil, Auschwitz marcou o reconhecimento
de que nenhum substituto se saiu melhor”.21
A logodiceia é ainda muito frágil; não passa
de um pequeno lume, mas não temos outro para nos alumiar
a caminhada. Há muitos passos por dar e degraus para subir
na escada que nos abeira do humano. A Humanidade continua a vestir
de luto, ainda distante, muito ferida e carente de raios de afecto
e luminosidade e de abraços de solidariedade, empatia e fraternidade
nesta conjuntura de tristeza e obscuridade, de suplício e
precariedade, de pobreza e falta de contemporaneidade. Não
nos entreguemos à derrota e desistência; ao invés,
porfiemos em construir o poema da ética e estética,
da arte e beleza, da virtude e excelência, da radiosa e contagiante
cidadania da universalidade. Sejamos persistentes como os mosquitos
da dengue, do mal e da desgraça, para levarmos de vencida
a teimosia das forças do descaso e desagregação,
da mentira e alienação, da trafulhice e corrupção,
da ganância e especulação, da tragédia
e desolação, da fome e escuridão!
Em suma, todo o académico deve fidelizar-se aos compromissos
que conferem excelência à realização
da essência da sua função, assimilando para
tanto a admoestação do Pe. António Vieira:
“Cada um é as suas acções e não
outra coisa (…) A verdadeira fidalguia é a acção”.
Ou a de Vergílio Ferreira: “Só se consegue aprender
o que não nos interessa. Porque o mais, o que é do
nosso fundo destino, somo-lo”.
Jorge
Bento
1
Ferry Luc (2007). Aprender a viver. Rio de Janeiro: Objetiva.
2 As considerações, feitas nestas páginas,
acerca da ‘técnica’ e da ‘tecnologia’
em nada contendem contra a sua genuína função
humanista, enquanto instrumentos de liberdade e libertação
do homem, o que é exemplarmente ilustrado no mito de Prometeu
inspirador do progresso e de todas as formas de cultura e arte,
como p. ex. o desporto. É também devido a elas que
o homem se solta da caverna e das amarras da animalidade e emerge
ao sol da humanidade. O que está aqui em causa é a
deturpação da sua função, a conversão
dos meios em fins, como adiante se verá.
3 Será que Nietzche teve razão ao antever este tempo
e acusar a democracia de degradação a “uma forma
decadente e curta da humanidade que ela reduz à mediocridade
e cujo valor ela diminui” e, ao perguntar: “onde depositaremos
nossas esperanças?” (Ferry Luc, ibidem).
4 Ferry Luc, ibidem.
5 Ferry Luc, ibidem.
6 O terramoto, o maremoto e incêndio de Lisboa, em 1755, exerceram
grande influência na filosofia e nos pensadores modernos.
Como refere Zygmunt Bauman, a filosofia moderna seguiu o padrão
estabelecido pelo Marquês de Pombal, primeiro-ministro de
Portugal na altura daquela catástrofe. As acções
e preocupações do governante concentraram-se na erradicação
dos males que podiam ser removidos pelos humanos. “Os filósofos
modernos – acrescenta Bauman – esperavam/confiavam/acreditavam
que as mãos humanas, uma vez equipadas com extensões
cientificamente planejadas e tecnologicamente fornecidas, chegariam
mais longe. Também confiavam que, com essa ampliação,
o número de males além de seu alcance cairia –
até mesmo a zero, desde que se tivesse bastante tempo e determinação”.
(Bauman Zygmunt (2006). Medo Líquido, Jorge Zahar Editor,
Rio de Janeiro).
7 Ferry Luc, ibidem.
8 Novaes Adauto (2006). Intelectuais em tempos de incerteza. In:
O Silêncio dos Intelectuais. São Paulo: Companhia das
Letras.
9 Ferry Luc, ibidem
10 Bauman Zygmunt, ibidem.
11 Em conferência proferida no dia 7 de Maio de 2008 na Fundação
de Serralves, Porto, Frederico Mayor, antigo Director da UNESCO,
fez esta atinente afirmação: “temos que ver
o invisível para conseguir o impossível”.
12 Bauman Zygmunt, ibidem.
13 Bauman Zygmunt, ibidem.
14 Dei conhecimento prévio deste texto a Ronaldo Monte, um
amigo e ilustre pensador da Universidade Federal da Paraíba,
Brasil; ele reagiu assim: “Esta neblina nos envolve a todos,
em todos os continentes. Mas ainda não estamos cegos. E mesmo
vendo muito pouco, podemos nos apalpar e acharmos as mãos.
E trôpegos, mas lúcidos, ainda podemos fazer um caminho
que nos leve além da neblina, à clareira da solidariedade.
Aí nos reencontraremos novamente”.
15 Ferry Luc, ibidem.
16 Em texto com o título sugestivo DOUTORES ou ainda menos,
publicado em 5 de Maio de 2008, na última página do
Jornal de Notícias, Porto, Manuel António Pina ironiza
com a oferta prolixa e esmiuçada de cursos de pós-graduação,
mestrado e doutoramento nos mais ínfimos assuntos. Só
falta, diz ele, “um Doutoramento em Tudologia. E em Sueca,
e em Arrumação de Automóveis. Mas lá
chegaremos”. Por mais que nos doa, a caricatura é perfeita;
resvalamos para o ridículo, por irreflexão, por omissão,
por desrespeito e traição à essência
da universidade e por perversão da sua missão.
17 Merece ser chamado à colação o famoso postulado
de Abel Salazar, nome insigne da medicina da Universidade do Porto,
homem douto, culto e multifacetado, perseguido pelo regime salazarista
(do outro Salazar!): “Quem só sabe de medicina, nem
de medicina sabe”.
18 ‘Teoria’ tem origem etimológica no grego:
theion (divino) + orao (ver). Vem a propósito citar a passagem
de uma canção do cantor Severiano Pessoa, natural
de Pernambuco, Brasil, que reza o seguinte: “Visionários
são dicionários dos sonhos de Deus”. Os académicos
não se podem despedir deste papel.
19 A felicidade é a meta da filosofia; não uma felicidade
qualquer, mas ”uma felicidade que se obteria em certa relação
com a verdade” – afirma André Comte-Sponville,
com base na asserção de Santo Agostinho, de que a
sabedoria é a felicidade na verdade, isto é, “a
alegria que nasce da verdade”. [André Comte-Sponville
(2005). A felicidade, desesperadamente, Editora Martins Fontes,
São Paulo].
20 “Transcendência na imanência” humana,
esboçada por Kant e formulada pela fenomenologia de Husserl.
Nunca alcançamos a transparência e o domínio
perfeitos da realidade do mundo, mas ela é-nos imanente através
da transcendência escondida, de valores que, embora situados
em nós (imanência), se impõem à nossa
subjectividade, e sensibilidade, às nossas noções
e acções, como se proviessem de outra parte. “Certamente
descubro, mas não invento a verdade de uma proposição
matemática, tanto quanto não invento a beleza do oceano
ou a legitimidade dos direitos do homem (…) Encontro-me diante
de valores que ao mesmo tempo me ultrapassam e, contudo, não
estão em nenhum outro lugar, visíveis apenas no interior
de minha própria consciência”. (Ferry Luc, ibidem).
21 Bauman Zygmunt, ibidem. |
Artigos
de investigação
[Research papers]
Atividade
física de lazer e estágios de mudança de comportamento
em professores universitários
Leisure-time physical activity and behavior change stages in
University teachers
Edio Luiz Petroski, Marcelle M. de Oliveira
Prática
desportiva de estudantes universitários: o caso da Universidade
do Porto
Sport practice of university students: the case of the University
of Porto
Nuno Corte-Real, Cláudia Dias, Rui Corredeira,
André Barreiros, Tânia Bastos, António M. Fonseca
Associação
do envolvimento à actividade física e à aptidão
em jovens madeirenses
Environmental correlates of physical activity and fitness in
youngsters from Madeira
Elisa C. Ramos, Duarte L. Freitas, José A.
Maia, Gaston P. Beunen, Albrecht L. Claessens, Élvio R. Gouveia,
António T. Marques, Martine A. Thomis, Johan A. Lefevre
Informação
visual e controle postural durante a execução da pirouette
no ballet
Visual information and postural control during pirouette execution
in ballet
Renata A. Denardi, Marcela C. Ferracioli, Sérgio
T. Rodrigues
Independência
efetora e prática moderada com a mão esquerda em destrímanos
Effector independence and moderate practice with the left hand
in right-handers
Ulysses O. Araujo, Cássio M. Meira Jr., Jaqueline
F.O. Neiva e Miriam Y. Umeki
Modelo
para estimativa de força e torque dos músculos rotadores
externos do ombro no plano transverso
Model for force and moment prediction of shoulder external rotation
muscles in the transverse plane
Marcelo P. Castro, Felipe O. Marques, Juliana M.
Costa, Joelly M. Toledo, Roberto C. Krug, Daniel C. Ribeiro, Jefferson
F. Loss
A
fadiga muscular diminui a sensação de posição
do ombro em andebolistas
Skeletal-muscle fatigue decreases shoulder position sense in
handball players
Fernando Ribeiro, Gisela Gonçalves, João
Venâncio, José Oliveira
Oito
semanas de treinamento moderado não altera a carga correspondente
ao limiar de lactato em ratos idosos
Eight weeks of moderate exercise training does not change the
load corresponding to lactate threshold in old-age rats
Verusca N.C. Cunha, Rafael R. Cunha, Paulo R. Segundo,
Mateus E. Pacheco, Sérgio R. Moreira, Herbert G. Simões
Ensaio
[Essay]
Perenidade
da Aretê como horizonte apelativo da Paideia. Sobre a excelência
em educação
Aretê perpetuity as an appellative horizon of Paideia.
Concerning the excellence in education
Manuel Ferreira Patrício
Revisão
[Review]
Inactivity-induced
skeletal muscle atrophy: a brief review
Atrofia do músculo esquelético induzida pela inactividade:
uma breve revisão
Scott K. Powers, Andreas N. Kavazis
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